sábado, 30 de maio de 2009

Transformação

As grande belezas da vida não pedem espaço para se instalar em nossos corações. É tão simples, singelo, quase imperceptível, e ao mesmo tempo tão poderoso. Uma canção lúdica que fica gravada na cabeça, um peixe grande ou pequeno, o filho de um animal qualquer, e então, um sorriso, um alívio, uma lágrima, uma dor a menos.

Quando a tristeza já não nos cabe, não adianta tentar puxar a descarga e esperar que ela vá embora ralo abaixo. De alguma forma, ela vai encher até a tampa novamente. Mas se você consegue transformá-la em alguma outra coisa, melhor. Não vai mais precisar dar cabo dela, muito pelo contrário, ficará satisfeito quando ela transbordar.

Mas não é fácil transformar uma coisa em outra! Sim, concordo completamente com quem disser isso. Por isso, aconselho que entenda a tristeza como um mármore bruto, que já carrega escondido em si a felicidade, e tudo que tens de fazer é trabalhá-lo com afinco, pois é difícil e doloroso chegar onde se quer, e se não tiver um firme propósito desistirá no meio do caminho; entretanto, é preciso também muita ternura e cuidado, porque apesar de duro o mármore é frágil, e uma batida mais forte pode acabar com o esforço de uma vida desmoronando seu trabalho.

Com muito suor, paciência, e obviamente, lágrimas, terá esculpido algo que até pode não ter uma beleza tradicional, mas, para você será de uma importância e superação únicos.

A felicidade é o filho de um estupro, que sai de suas entranhas no sofrimento de um parto; deixa marcas no seu corpo e jamais te deixa esquecer o que um dia sofreu, ao mesmo tempo que te faz sorrir quando cai desajeitado e te chama por mãe, enquanto estende a mão pedindo auxílio. Ele te faz fraco por toda dor que te faz lembrar, e também te torna um herói invencível a cada palavra nova que você o ensina.

Pra definir a vida em uma palavra, não caberia outra além de transformação. É só isso, mais nada.

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